18 dezembro 2007

You only live once

O cara tava mesmo a fim de sacanear. Pegou a terceira carta que encontrou por entre os dedos e abriu. No duro. Sem dó: rasgou o envelope e nem olhou pros lados. Lá poderia conter toda uma vida assombrosa/amorosa/familiar/depravada/sacal de alguém que ele jamais conheceria. Foi fundo. Lendo a primeira linha pensou se não havia feito alguma espécie de juramento ao entrar para a empresa de correio da sua cidade. Não lembrou de baboseira nenhuma que pudesse ter dito quanto a isso. Continuou a espionagem. Fez uma leitura dinâmica, primeiramente, para averiguar se tratava-se de um bom material. Concluiu que era uma mulher. Baforou o cigarro vagabundo. "Instigante", pensou. Seguiu em frente. Mais alguns parágrafos e ele estaria diante da maior revelação de sua vida.

07 dezembro 2007

Giro e não páro no mesmo lugar.

Agora foi foda. Tá, não tão foda assim. Eu diria que um momento-fodinha.
Me dei conta de que já estamos no dia 07 de Dezembro de 2007. Se fecho os olhos, posso descrever com detalhes requintados o que eu fiz nesse mesmo dia do ano passado. Melhor abrir meus olhos pra que não escreva errado aqui.
Melhor ainda é abrir os olhos para o mundo: sim, para este mesmo, grande e estranho, porém, curioso. Num bom sentido. Entendível.
Tanta coisa que fazemos sem nem saber porque, mas estamos lá, batendo a cara na parede, dando murro em ponta de faca (expressão que cai como uma luva), acertando, errando mais do que encontrando. Vivendo.
Acho que estou num daqueles períodos onde a gente se dá conta do nosso lugar nesse globo azul e fica feliz com isso. Eu ando feliz pelo menos em saber que faço parte dessa engrenagem louca e barulhenta que se chama vida.
Pro Oscar Wilde só não bastava existir, era preciso viver, quem só existe não vive. Se é que me entendem. Enfim.
"Queremos saber quando vamos ter raios laser mais baratos", diz a canção. Logo.
Muito logo eles passarão cruzando o céu. Quem vai ver? Deixe-me saber depois.

24 novembro 2007

Billy não morreu

quinze para uma e meu corpo não acusa um estado de sonolência profunda. a cama é confortável, mas não é só para mim. paciência. tudo tranquilo. falta nada: vem sono.
os cupins não me deixam dormir. malditos roedores de cantos de móveis de madeira. em meio a um silêncio compreensível, o barulho minúsculo de suas mandíbulas insignificantes corta a leveza de meu respirar. enquanto espero adormecer, ruídos sinistros brindam a noite, um andar acima. dizem que billy, o poodle do 401 morreu. faz quase um ano que ainda o escuto rosnar de madrugada. acontece que billy não morreu. mas ainda não tenho pistas do que pode ocorrer com o pobre cão as três pra uma de uma manhã como essas. a ressalva é que billy não morreu. enquanto isso, matuto cá comigo uma série de pormenores quando(não) dei por mim, caí nos braços de morfeu. adoro quando ele vem me resgatar. sonhos. cantam os passarinhos anunciando uma aurora totalmente perdida.

19 novembro 2007

Perspectiva

Encontrará a saída presa em anos de gavetas,
arrombará as fechaduras das cartas expostas ao sol e viverá
na busca de sua linha de chegada.
Inicia-se um fim.
.::
.:
.:::
((( post meu no enfins: http://enfins.blogspot.com )))

04 novembro 2007

Teia

Juntos, eles são feijão com arroz, Romeu e Julieta, frango no cesto, retrato pra Iaiá. Juntos, eles são.
Juntos, calçam o mesmo número. Lado a lado caminham sem hesitar. Juntos, eles páram e atravessam a rua. Juntos.
Na sala deles há provas de que juntos, eles são. Na cadeira, sentam, juntos; olham um para o outro, juntos eles não desperdiçam o momento de rir.
Juntos, eles viajam, juntos, eles voltam. Juntos, eles nunca saem do mesmo lugar. O lugar de um é junto do lugar do outro. Juntos, eles guardam retratos e papéis rabiscados. A conta do banco, juntos, eles esquecem de controlar. Juntos, eles são.
No banheiro há uma garrafa de Coca-Cola. Juntos, eles beberam, ontem. Juntos, são os vestígios que deixam para trás.
Na boca de um há o gosto da bebida do outro. Juntos, eles são.

02 novembro 2007

em cada canto
era visto um inseto preso a uma teia


em cada canto
era visto um inseto preso

em cada canto era visto um


em cada canto era visto
em cada canto

em cada um.

31 outubro 2007

Diz no sonho

..


Calçou os chinelos e

escorregou no acostamento.

Chupou o azedo que escorreu

por entre as pedras.

26 outubro 2007

Ficadica

.
.

chutando o pau da barraca
matando cachorro a grito
e tudo de mais descabido neste mundo,
veja aqui:

http://enfins.blogspot.com


junção dum bandelouco para livre expressão de suas idéias.

.
.

have fun!

19 outubro 2007

brincadinha

1. Pegar um livro próximo (PRÓXIMO, não procure);
2. Abra-o na página 161;
3. Procurar a 5ª frase, completa;
4. Postar essa frase em seu blog;
5. Não escolher a melhor frase nem o melhor livro;
6. Repassar para outros 5 blogs. (essa eu tenho preguiça, mas sintam-se à vontade para fazer tbm ;)


voilá:

"Nicola fechou a revista e a deixou cair no chão. - Eu sei o que você pensa, Carrie, e estou me lixando."

16 outubro 2007

Desnudo

Não é verdade

a idade

que deram pro rei.

Não é verdade a vaidade

que se abate

na face

de ninguém.

05 outubro 2007

flor bela

espanca



as minhas primaveras,


Florbela.

23 setembro 2007

Jardim de busca vida

Se cada vez que olho pela janela
vejo ali um retrato indecifrável
é porque meus olhos não se acostumaram
com o repetido canto destes pássaros
no topo das árvores que enfeitam o meu jardim.

É como se o branco do céu por essa hora,
me desse a imagem de qualquer outro lugar
onde daqui, não saí por completo
mas que um dia ainda hei de voltar
(junto dos passarinhos de barriga amarela, vôo alto e encontro o meu lugar.)

Agora páro e realizo: tudo isso
num encanto do instante que me fez olhar o galho balançando
e um som se propagando por todo o ar - fim de tarde:
Primavera está aqui.



"no jardim eu me ligo em você

planto cores

mordo a fruta

levo choques"





14 setembro 2007

*

já escrevo o que nem sei
pois sabia e acabou
que fiz o que não devia
ter dito um pouco menos
que aquilo que pensei
comigo mesma e só.
parada inquieta
aperta. esmaguei e
ria ria. ria!
que logo mais tudo
aquilo me tornaria.

09 setembro 2007

Sou


o A e o Z o A e o Z o A e o Z o A e o Z
o A e o Z o A e o Z o A e o Z
o A e o Z
o A e o Z o A e o Z o A e o Z
o A e o Z o A e o Z
o A e o Z
o A e o Z o A e o Z o A e o Z
o A e o Z
o A e o Z o A e o Z o A e o Z o A e o Z o A e o Z o A e o Z
o A e o Z o A e o Z
o A e o Z










Uma pessoa.

04 setembro 2007

24 agosto 2007

Break

On

Through To

The Other Side

16 agosto 2007

Figa

E é aí que, de repente, as coisas mudam.
Se não por completo, pois é bem mais complicado do que a gente pensa dar uma turbinada 100% na nossa vida, mas em meios, partes, compartimentos. Importantes, fato.
Na mente começam a pipocar idéias de bem aventurança, sorrisos bobos, conversas alegres sobre qualquer besteira - tipo aquele filme que a gente nunca viu, passando pelos olhos no momento da virada do ano (um dos meus momentos mais -utópicos- sensíveis, by the way).

Uma respirada mais longa. pausas menores e maior continuidade de momentos, bons. Momentos. E o tempo que dá licença pra passar mais devagar, pra não pegar carona com o minuano e ir-se balançar nos cabelos de alguém. Do lado de lá.

Um pouco de esperança, crendisse, olhar brilhante - me espera. Pode ser pequeno, pode ser miúdo, pode vir devagarinho, mas não importa. Vem.
Que seja um recomeço, uma etapa que guie os malvadinhos lá de dentro pra outro rumo, bem longe de mim. Que eu preciso é de sossego, uma boa sombra fresca e umas horas diárias de pernas pro ar.


Doce alívio de se sentir em liberdade.

08 agosto 2007

Deduz.ir

uma cíntia se põe a passear
são mais do que três, no mínimo.
sobe e desce, nem encontra lugar
se esquivando vai por ali; amarra todas no pulso
como num guia, escuso e sombrio, avisou:
era preciso bem menos pra se pôr a viver.

06 agosto 2007

(en).ventado

.
.

pelo ar leve
brisa leve a
vida agora, vida
selva no horizonte
expostos, crescentes
suave salve sul até
imenso mar no fim
chega pelos poros
pêlos prendem ar
água em água em água
desaba de novo
em mim

02 agosto 2007

:::::::

.
.

inspira
expira
...
res(pira)ção
.
.



inspira.

30 julho 2007

Enquanto Virginiana... (assim espero)

.
.
.

Grandes transformações acontecem quando nos abrimos para nossas possibilidades criativas. Nas atividades cotidianas, no trabalho, nas coisas mais simples, a vida assume uma nova dimensão, mais completa e intensa. O que parece inicialmente difícil, árduo plantio, desafio de crescimento, torna-se repleto de frutos e de contentamento. Em meio aos seus amigos e amores, celebre e compartilhe a colheita.


26 julho 2007

♪♫
enjoy the silence.

20 julho 2007

veja bem


- Alice, o que você acha que devemos fazer?
- O que eu acho que devemos fazer? O que eu acho? Não sei. Bem, talvez...talvez eu ache que deveríamos ficar gratos. Gratos por termos conseguido sobreviver a todas as nossas... aventuras... tanto as reias... quanto as sonhadas.
- Tem certeza disso?
- Se tenho certeza? Tenho a mesma certeza de que a realidade de uma noite, para não dizer de uma vida inteira... pode ser toda a verdade.
- E nenhum sonho jamais é... apenas um sonho.
- O importante é que estamos acordados agora e esperamos continuar assim por muito tempo.
- Pra sempre.
- Pra sempre?
- Pra sempre.
- É melhor não dizer isso, sabe? Me assusta. Mas... eu amo você e, sabe... há uma coisa muito importante que precisamos fazer o mais rápido possível.
- O quê?
- Trepar.





[alice and bill
eyes wide shut]

18 julho 2007

Instantes acasos divertidos

Estava a fumar um cigarro em frente a lanchera, ontem à noitinha quando aparece um guri, piazinho mesmo, na minha frente, me olhando, já querendo dar um dedinho de prosa...
Eis que o dito cidadãozinho me vem com essa:

-Tu gosta de rock?

Fiz com a cabeça que sim, sem esconder meu encantamento com tal indagação.

Ele sai, dá uma volta, fala com o amigo que tinha um pacote de bolacha na mão, enquanto eu, despreocupada e esperando a Elena chegar, fumava meu cigarrinho e mexia aleatoriamente no cabelo, jogando-o de lá pra cá, de cima pra baixo.
Concluí que nesses movimentos o guri me tirou pra um certo tipo de rebelde:

"Pô, todo mundo se penteando e ela ali bagunçando o cabelo?!", deve ter pensado. Vai saber.

Uns instantes depois o piá aparece novamente e vem todo serelepe com a mesma pergunta, dessa vez eu respondo com um sonoro: "Sim, gosto."

-É.. tu tem cara de roqueira mesmo.

E se foi. E eu fiquei ali, e a Elena chegou e adentramos a lanchera pra matar quem estava nos matando.




17 julho 2007


sensação igual
a de ver uma foto borrada

10 julho 2007

Às vezes dá vontade de
meter uma ferramenta na engrenagem,
fazer tudo parar de girar à minha frente.

28 junho 2007

Ouça

faça-me um favor
não suba no sofá
os pés, tampouco os largue sobre a mesa de centro.

não grite. não responda-me alto
não pense que vá mudar a disposição da casa
sente na cadeira que lhe oferecer
não suje meus estofados

bata as cinzas e nao me amole com aquelas que caem pra fora do cinzeiro
levite pela cozinha, saiba respeitar as plantas sob o murinho
não coma meus doces
não seja azedo
chupe o dedo se encher o saco
mas não esqueça do lixo seco.

não me aborreça com possíveis dúvidas existenciais
saiba que já as carrego em demasia, em cada fio de cabelo
não espalhe seus pertences para que eu os conheça
me surpreenda ao primeiro olhar, na porta
largue o guarda-chuva e peça um café

não reclame. por certo, é amargo.

Quando é pra ser já não cola

se coubesse em todo o espaço
aquilo tudo que eu poderia dizer, e mostrar,
talvez apertasse letraporletra, cortasse vírgulas escrito tudo numa linha sem fim e sem cortes e sem...
talvez começo a aprender que tem coisa que não sai
mas que ficar, não pode.
se as medidas são desconexas, falta onde gritar
precisaria bem mais que isso...

quando se está longe do bom
qualquer coisa mínima pode te glorificar
e depois quando o chapéu cai na cabeça
e uma grande estúpida vontade de mudar,

me corto em dois e
percebo que não faz sentindo. continuar.
mas que força faz um despertar?
em quem já tão logo se desarrumou pra sair?

22 junho 2007

Siga: fuga

saí por aí.

nem adianta perguntar,

que eu não sei por onde fui...

15 junho 2007

É do Ser e Não é. Né?

*.*.*
enquanto espero o que é sem
escuto baixo vibrar lá dentro
é bicho que corre solto
e coisa que não se contém.
atiro pro alto meu último véu
nesse não sentir suave, calei
na revolta de aceitar o que nem sei que vem.

13 junho 2007

pinga céu




na rua onde sempre está
chovendo

caem pingos nos cabelos
daqueles

que passam pelas árvores,

as que choram
sempre um pouco mais
do que as nuvens
mandaram.

11 junho 2007

O inferno tão temido - Juan Carlo Onetti

(...)


"Na terceira fotografia ela estava sozinha, empurrando com sua brancura as sombras de um quarto mal iluminado, com a cabeça dolorosamente jogada para trás, para a câmera, os ombros meio cobertos pelos negros cabelos soltos, robusta e quadrúpede. Tão inconfundível agora como se tivesse se deixado fotografar em qualquer estúdio e tivesse posado com o mais terno, significativo e oblíquo de seus sorrisos.

Agora Risso só sentia uma pena irremediável dela, dele, de todos os amantes que já haviam amado no mundo, da verdade e do erro de suas crenças, do simples absurdo do amor e do complexo absurdo do amor criado pelos homens."

05 junho 2007

E a vontade é rebelde...

teria vontade de escrever muitas coisas. talvez tantas que nem desse pra pôr em uma ordem, digamos, lógica. sabia que inspiração há muito havia fugido e "nessas horas a gente espera", pensa. aliar-se ao tempo é tema de grandes debates de auto-ajuda por aí. é, boa escolha. ter consigo um aliado sempre é necessário, não se sabe quando a cabeça vai parar de funcionar e a batata vai ter que assar em outra cuca.
c'est la vie. hããã? mesmo? como é? pinto quadros pelo ar e vejo imagens se desfazendo em minha cabeça. realiza: tá tudo ali, a gente que se quer deixa ver. tira o tapa-olho, o tapa-sexo, e parta para o topa-tudo, seja dinheiro, seja um gole na esquina com aquelelá.
saberá se o tesão da hora era bom demais se não for lá e conferir? hummm. subejtivando vontades; vontades são rebeldes. queda dura e forma explícita: não há nada que não sucumba a uma vontade.
diga vontade com vontade e veja se não escorre uma babinha pelo canto.
que te dá vontade nessa hora?


31 maio 2007

.InvasãoII

ninguém aguenta sempre o peso de ser quem é.

.Invasão

.
.
pelo retrovisor
alguém bate na janela
e a gente nem vê.
.
.

28 maio 2007

!Mutantes tarde do que nunca


cuidado meu amigo,
não vá se perder por aí:

não é mais dia 26...


será que é assim?
vai ser..

sempre teremos do que fugir?
depende..

do teor da coisa em si
e da forma que olha para.ti

mas se sacar que é furada
não vai pensar que é marmelada
quando a coisa gruda é sair de fininho
encarne a Lola lá do filme.

run, babe, run.

Fez-se clarão

se bobeio, me atropelas

ao cair, depressa. levanto

ou passas por cima de novo

sem pálido espanto

da jura de amor que tentei te segurar.


21 maio 2007

Cu.otidiano

Quase ser atropelada por um motoqueiro porque o cara "secava" insandecido duas garotas ao meu lado, na calçada:
não tem preço.

18 maio 2007

Tolisse

não pense.
conseguir apagar
fogo com terra
não dá.

15 maio 2007

(...)
"Não é mais o desejo nem "o gosto" ou a inclinação específica que estão em jogo, é uma curiosidade generalizada, movida por uma obsessão difusa - é a fun morallity, ou o imperativo de se divertir, de explorar a fundo todas as possibilidades de vibrar, gozar ou gratificar-se."



(Jean Baudrillard. La Societé de Consommation, Gallimard, p. 261)

08 maio 2007

Conto - tudo

E chegou à conclusão de que nada daquilo valia a pena, pra tanta preocupação. Afinal, de uma forma ou de outra, sabia que tudo teria fim. Em momentos não podia, não conseguia, mas alguma coisa o movia, e tal pesar era de fato, revirado lá do fundo da gaveta.
Era hora de mexer na bagunça, tirar isso e aquilo do lugar pra poder medir o tamanho da situação. Caberia mais duas ou três peças. Talvez mais. E se faltar espaço? Calma, é uma questão de vista. Olhou de baixo e parecia maior. Às vezes era bom quando olhava de baixo, quando se deixava ir até lá e, aos poucos vir subindo pelas paredes. Sim, por elas mesmas. Tinha que chegar, havia de gozar, era preciso, era necessário, era seu direito! Nada o impedia. Talvez ele mesmo. Foda. Cabeça da gente é matuta demais. Se quebra fácil por coisa pouca, poderia usar toda aquela energia e erguer uma parede, sei lá, ajudar na arrumação de um apê novo, talvez trocar as cortinas. As velhas cortinas do banheiro pediam pra serem liquidadas, as escovas de dente agradeceriam.
Desceu um pouco, quis um cigarro; esperou pelo acaso que não chegava... "Então não era um acaso", concluiu. Tinha vontade de que muita coisa acontecesse e no entanto, não conseguiu trocar mais de duas frases com alguém. Notou-se num emaranhado de sentimentos e, acredite, quase sempre dos piores. Mas passa. Hoje viu aquilo tudo como uns dias distantes. Já consegue discernir pelo menos mais da metade das coisas que quebrou dentro de si.
Chegou o período de colar tudo de novo, naquela folha novinha em branco que tem até cheiro de 1° dia de aula do fundamental. Esse dia também não é lá muito fácil, mas depois a gente chega em casa, conta tudo pra mãe, e vai dormir a tarde toda.
Sossegar é preciso.

07 maio 2007

chuva
chega,
chamo
certeza.

04 maio 2007

foda pouca é bobagem

.
.
.
.

tem dias que
deveríamos ser proibidos

de sair da cama,
de sair.
por decreto, sofrer
as consequências do viver
até que o hoje vire nada
e o nada se passar.

02 maio 2007

Do contra ou tanto faz

. :: .

recebi uma visita

não queria. deixei entrar

uma hora a gente permite,

preencher-se não é tão ruim assim

desprender palavras; colorido fica

e depois é dar risada... não lembrar mais!

24 abril 2007

busca tempo



deu até pra crescer cabelo
poupar algum dinheiro

catar agulha em palheiro (cadê?!)
me findar em desespero (ai...)
chorar morte, sorrir vida, encontrar coração.

resta ainda ali na frente...
(espera)




20 abril 2007

Da realidade

.
.
.
virei pro lado e ainda fiz abraçar o ar.

19 abril 2007

embelezei

me dá licença?
fui invadida!
preciso passar, chegar até lá!
contaminar! mas tudo bem...
preencho-te também, vem
encosta na minha pele e sente que não tremo
largo é meu sorriso e maior ainda meu calor.
meu olhar já não é vago - tudo ali está e
aqui mesmo me senti.
simplesmente estou feliz.

16 abril 2007

DEZ



se conto, restam seis.
onde foram parar as flores?
faltam quatro
em minha janela.
Tudo se resume numa saudade muito grande.
A gente se encolhe, na própria existência e lá permanece, até segunda ordem.
Sentir-se só não é mais uma opção, como quando acordamos dizendo:
"- Hoje quero o dia só pra mim."
Ele é teu por todas as horas que se seguem,
e as semanas também.
Ah...as semanas...essas que custam a passar.
No final das contas, tudo vai se tornando um sempre muito repetitivo...
E, ao acabar de escrever
sei que esperar, ainda é tudo o que me resta.

12 abril 2007

Essa noite, ouça o portão se fechar atrás de mim.
Antes disso, imagine um respirar ofegante
a vagar depressa pela calçada;
Se prestar atenção um pouquinho,
verás que o silêncio não é tão quietinho...
E que meu ar já se comprime numa boca fechada.
dos corações faço tripa

nas petecas me seguro

alguma coisa me cai bem.

11 abril 2007

riminhas

urbanisse(I)

gosto das pessoas que caminham depressa
dessas que ziguezagueiam por ti nas calçadas.
tu nunca sabe aonde elas querem ir
mas sempre tem uma que te pega de surpresa:
dobra a esquina, entra na loja e estraga a diversão.
daí tu olha pro lado, vê outra; entre tantas
uma está disposta a servir a tua imaginação.

urbanisse(II)
não sei porque cambaleio quando caminho.
quando vejo, quase encosto na parede do vizinho, na loja de entrelinhos
vai chegar um dia que eu me espatifo no chão
atravessarei este mundão...
- ih! pára tudo! deusulivre.
pirei o cabeção.

09 abril 2007

DVDê-se de presente


V a l e n t i n
vale
assistir.

05 abril 2007

calço as sapatilhas, peço licença para sair
acusa-me o espelho: estou despida de mim.
onde fui me meter?! já não encontro mais meu ser, ou o que julguei ter sido;
nadei no nada, emismeci.
hoje debocho de Neruda,
"confesso que morri."

02 abril 2007



"Tudo é vago e muito vário


meu destino não tem siso,


o que eu quero não tem preço


ter um preço é necessário,


e nada disso é preciso."


leminski.picasso
mestres

30 março 2007

invejo o inverno.
verão é estar são do inferno.

29 março 2007

orange's b.day



"...E os bagos de uva. As mais roxas das uvas pretas e que mal podiam esperar pelo instante de serem esmagadas. E não lhes importava esmagadas por quem. Os tomates eram redondos para ninguém: para o ar, para o redondo ar. Sábado era de quem viesse. E a laranja adoçaria a língua de quem primeiro chegasse."

Clarice Lispector

28 março 2007

27 março 2007

Cascos, cascos, cascos
Multicoloridos, cérebros, multicoloridos
Sintonizam, emitem, longe
Cascos, cascos, cascos
Multicoloridos, homens, multicoloridos
Andam, sentem, amam
Acima, embaixo do Mundo
Cascos, caos, cascos, caos
Imprevisibilidade de comportamento
O leito não-linear segue
Pra dentro do universo.
Música quântica ?


(chico science e nação zumbi)

26 março 2007

autoretratei

e pensei - "merda. que silêncio ensurdecedor."
mas quais palavras serviriam praquele momento? não havia..ou melhor, não queriam ser ditas;
deixo assim. olho pela janela e viajo nas ruas que ficam pra trás e na chuva rala que teima em cair.
passo a avenida, o ônibus vazio, a cidade deserta acusando a madrugada adentro,
mas o barulho do silêncio é mais alto que meus pensamentos...

dei-me corda:
falei.


23 março 2007

poesia

para ver-te
verde
longe.

22 março 2007

hai kai da minha mão

destilado o sol queima mais
se atravesso, ainda tem
meio-dia.

ruídos de alice



"Tive febre de todas as cores


me arderam todos os amores"

15 março 2007

...é muito ruim, acordo afoita, agitada, pele suada e me sentindo estranha.
coração bate a mil, movimentos não obedecem logo de cara, um certo tremilique toma conta do corpo e da mente; não reconheço o lugar que estou e ainda noto algumas lágrimas no rosto provocadas pela situação vivida.
algumas palavras saíram da minha boca no momento do despertar, mas agora que me vejo, elas não fazem sentido algum. isso tudo é muito louco, a sensação do vivido, mas não aqui, não agora, não neste travesseiro e lençóis desarrumados. a gente vive mesmo dentro de um sonho.

14 março 2007

blog pirado. informações lá embaixo

pernas pro ar, a.ponta.a.cabeça
cabeça pra baixo, viro de lado,
olho pra quem?
quem me vigia? me sente? me fala?
cala!

ideías ideais para quem não tem nada a dizer.

09 março 2007

mente vazia mente sozinha metendo o pau na mente que sozinha
mente tão
des.cara.da.mente so.mente porque fica na mente dos outros cegando
a visão do
que mente.
e pra frente ela vai mentindo que
a mente
sabe o que mente.

07 março 2007


nunca
mas nunca mesmo!!
cuidado hein..
sério!
nunquinha.
te liga:
segura,
respira..
pára
calma!
realiza:
jamais perca a chance de ficar quieto.

02 março 2007

Traduzir-se.


"Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de
mim é multidão:
outra parte
estranheza e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de
mim é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?"
ferreiragullar

28 fevereiro 2007

d'ela

...no palco, havia a bailarina.
todos a cuidavam
com os pés pontudos de sapatilha ela cruzava o chão
ia em toda a direção
que se possa imaginar.
um salto, aqui e ali
outro lá
a vida da bailarina era assim
incerta,
sentia que não havia no que ou quem se apegar, era solita
sufocava-se na multidão, corria pro sertão, pro vagão
distante de tudo...
até voltar
(ela só queria um dia ficar)
disso tudo ela salta, faz pirueta
esconde as caretas

uma reverência:
o espetáculo acabara.

26 fevereiro 2007

"nadando num mar de gente

deixei lá atrás

meu passo à frente."

master leminski

1.

lov

23 fevereiro 2007


aquecimento global


é quando se passa um dia de verão em porto alegre


numa sala sem ar


condicionado a ti





21 fevereiro 2007

ALALAÔÔÔ...MAS QUE CALOOOOR! MESMO?!? PUUUUTZ

saldo final:


-mau mau (monopólio de ganhadora)

-brrrrr'

-vamo de festa ridículo?

-meias + chinelos

-tudo oq é possível vestir de uma vez só

-adoro santa catarina no inverno

-deve ser bonita a praia de ibiraquera, ano que vem quero conhecer

-não temas. eu estou contigo

-jack e daniel

-rali dos sertões

-risandinhos

-i.d.i.o.t

.

adorow!!!

13 fevereiro 2007

...por ser real demais.
por saber demais, sofrer ouvindo e falar despejando
pelo mau humor, pela má vontade, pela dor de barriga, pelo suor da ansiedade
por sentir na pele
e mais...
pelos pés no chão
por cair na ilusão
no buraco, no vazio do peito, apertá-lo pra parar.
pelas lágrimas de graça, pelas injúrias calamitosas
pelo isso e aquilo; pela confusão
e de novo e de novo e de novo e.....
por cair no esquecimento.

o problema é ser humano demais.

09 fevereiro 2007

dar a cor

dormi com a boca aberta e acordei com ela seca
para tanto, levanto
lavo o rosto. um gole de iogurte

ajeito o cabelo despenteado - espelho espelho meu
um fiapo de lembrança do sonho me vem de súbito:

desligo o ventilador que é pra ele não voar.

06 fevereiro 2007

eu posso me regenerar....

01 fevereiro 2007


eu vou correndÚ
buscar a glóri-AAAAA
m.i.n.h.a g.l.ó.r.i.a!

30 janeiro 2007

cantei uma cantiga no caminho pra cá.
pensa que eu me
lembro?
(de mim mesma ou da
cantiga?)
não,
não.
assim não dá.

29 janeiro 2007

das memórias de hoje


um sempre pra sempre e agora também
guardo na memória recente o que é maior que eu.


vivo assim...


sim,



viva!









26 janeiro 2007

fato comprovado por mim: dor no tornozelo machucado, chuva chegando.
.

.

.


olha pra fora
a janela aberta acusa:
choveu.





24 janeiro 2007

de lá e aqui também

ah! como é fácil
aquilo que ignora

senta e fala;
logo cala. muito a dizer

daqui a pouco já
passou,

mas sempre se vê!

daquilo que
ficou, inicia...

reinventaproveita.

23 janeiro 2007

poesia no começo.


Não entendo
Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras.

Sinto que sou muito mais completa quando não entendo.
Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito.
O bom é ser inteligente e não entender.
É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice.
Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.


Clarice Lispector