14 setembro 2008

E o desespero ao nosso grito

Tudo é uma grande tentativa. Das poucas concretas conclusões a que chegamos, essa é uma delas.
Pluralizando cada um de nós, diria que somos feitos de matéria fina e escassa; renovável, contudo. Naquele leve sopro perdemos um pouco de si, de tudo. Você perde um pouco mais de mim.
Inicio, então, a busca daquilo que se agrega aos entrenós. Não prometi a mim mesma qualquer segurança ou vitória. De certa forma eu sempre soube o que nos espera ao arriscarmo-nos por algo que não conseguimos tão fácil: irreparavelmente, um vazio.
No primeiro momento, subverto a visão ao personagem projetado em tela grande e vivas cores. Em seguida, escalo seus membros inferiores a fim de alcançar o topo e acariciar cada fio de cabelo novo. Não consegui nos manter no começo da subida. As sementes viraram flor, as barrigas cresceram, os diálogos encurtaram-se e tudo o que era mérito ao olhar pra cima em meu destino escorreu pelo ralo fundo. Agora, temida de si - e só -, encontrada nos salões enfumaçados e abarrotados daquela gente toda que só faz olhar por cima dos meus ombros, eu desabo em pontos finais, mesmo sabendo que não me deixarão permanecer.
Não é o que extravasa à flor da pele que incomoda; o essencial, invisível e sorrateiro, é aquilo que se esconde por dentro das roupas felpudas e toma espaço no meio de nossos cobertores antigos. Este vazio residente no encontro tão esperado. O antes e o que está por vir.
É aí que reside a loucura de um homem.