29 maio 2008

Você ser humano

Apressou-se a engrenagem. Você não sabe mais controlar a situação. Horas e horas e momentos que não vêm correm solto à sua frente. Entregou-se. Não saberá o local do acerto. Feixes de luz atravessam sua morada e, mesmo assim, você ainda não enxergou as setas indicando quê. No peito, transborda. Atravessa a carne, sangra até morrer e voltar. Talvez você só quisesse ficar. Permanecer. Não há quarto para o incerto, reserve-se no direito de seguir a própria cavalgada. Mas você sofre. Não entende. Tudo é vago e não consola a mente e o calor que tão logo vai se esvaindo pelo suor da pele gelada. No peito, treme. Você precipita uma bomba lançada no ar, no escamoso ar. São quase todos os dias e você torna a sentir a dor de ser dilacerado. Novamente é um suposto guerreiro em seu campo de batalha, onde o veneno das flechas que atravessam o sujeito não parecem desviar. Você não gosta de atalhos. No peito, aberto, sente. O problema é ser humano demais, você disse.

Um comentário:

Anônimo disse...

É impossível estabelecer qualquer diálogo com algo tão profundo. Nem tento. Só leio, releio, transbordo e regurgito.

E essa saudade. Vontade de querer ver, de poder conversar de novo. Não nos corredores, nem na frente de uma porta qualquer, numa rua apinhada de pessoas ao redor.

Beijos.