02 março 2007

Traduzir-se.


"Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de
mim é multidão:
outra parte
estranheza e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de
mim é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?"
ferreiragullar

2 comentários:

Anônimo disse...

eu amo o ferreirão...

saudades.

beijos ;}

Rita Louzeiro disse...

Lindo poema, no final somos todos um pouco assim, várias partes tentando compor um só, um todo... a mais difícil das artes.
Até.