27 dezembro 2009

Elixir da longa-vida

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A quem interessaria o poder da eternidade?
Vivemos na sociedade do imediatismo e da transmutação de todos os valores (Nietzsche já previra isso), onde nos encontramos fadados a encontrar soluções a curto prazo, mas de longo alcance. Precisamos, quase sempre, de todas as respostas, mas nossos qustionamentos, esses sim, perdurarão por milhares de gerações que ainda estão por vir. Os acadêmicos seguem na filosofia da pergunta, creditando valor à intenção da busca, tornando a sociedade ordinária uma eterna insatisfeita com a sua atual condição, pois não supera o fato de que morreremos sem compreender pelo menos mais da metade dos fenômenos que nos atingem a cada segundo inspirado. Por isso a questão da imortalidade é tão sugerida: estaria na possibilidade de viver para sempre a chave para as nossas dúvidas existenciais? Ou talvez as mais pequeninas? Também somos feitos do pouco. Ao escolher a permanência de nossas vidas, abandonamos a possibilidade da memória. Preferiríamos a possibilidade do estar-sempre-aqui ou a certeza da imortalidade reconhecida através de nossos grandes feitos? Morrer é ultrapassar a barreira de tempo que nos engole em vida. Estar presente na música, na tinta fraca emoldurada em quadros, na poesia impressa ou na imagem digitalizada por nossos modernos computadores, nos aproxima de uma outra maneira de imortalidade: aquela que não nos faz mais parte, que não modifica mais nossos sentimentos nem cria nossos medos futuros. Somos para sempre, parte. Não mais apenas um, seguindo em vida, mas uma vida que segue, em muitos outros.





ilustração: carlos augusto pessoa de brum

Um comentário:

carlos augusto brum disse...

sempre achei que a imortalidade acabaria com a arte, com a filosofia, com o amor e com os seguros de vida... imagina um mundo sem tudo isso! não dá.