05 abril 2007

calço as sapatilhas, peço licença para sair
acusa-me o espelho: estou despida de mim.
onde fui me meter?! já não encontro mais meu ser, ou o que julguei ter sido;
nadei no nada, emismeci.
hoje debocho de Neruda,
"confesso que morri."

2 comentários:

Rita Louzeiro disse...

Eu sou péssima pra interpretar poemas e coisas implícitas, mas vou tentar porque gostei do texto.

"calço as sapatilhas, peço licença para sair, acusa-me o espelho: estou despida de mim" ok. As sapatilhas seriam uma máscara, uma personalidade que não é a do eu-lírico, como quando temos que fingir algo. "acusa-me o espelho: estou despida de mim" está usando a máscara, e a máscara não faz parte do ser, logo o eu-lírico está perdido dele mesmo, saíria assim mesmo, mas o espelho o faz ver sua face e ele, o eu-lírico, já não se reconhece, está despido de si mesmo e nota isso.

"onde fui me meter" o susto que o eu-lírico leva ao notar que já está perdido de si mesmo. "Já não encontro mais meu ser, ou o que julguei ter sido" Viu como ele está perdido de si mesmo? Se confunde com a atual situação, já pensa até que não era o que era antes, talvez pense que a máscara que colocou já era parte dele. Ai, o resto eu não sei...

Agora, meu comentário:

Acho que a situação retratada é muito forte e foi colocada com uma leveza pesada, entende? A forma como foi escrito deixa livre para interpretações pessoais. Gostei mesmo desse texto.
Abraços.
Rita.

alice disse...

hehe esse "emismeci" tá rendendo... eu já tinha roubado do Pedro, agora ele aparece aqui disfarçado de conjugação.
palavra inventada pra ser mesmo roubada.