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Tirei a calça que apertava a minha barriga e resolvi lavar o rosto no tanque, com sabão mesmo. Enquanto lavava, tentei enxergar o meu reflexo na torneira, queria saber se me lavava direito, se minha cara não iria ficar borrada de rímel e com uma aparência meio cadavérica. Eu odiaria isso.
Sequei meu rosto no pano de prato da cozinha e me procurei ver novamente, mas dessa vez na chaleira que estava no fogão. Ela já tinha muitos anos e talvez por isso estivesse toda riscada e gasta de tantos reflexos produzidos. Não pude olhar a mim mesma em nenhum utensílio da cozinha. Nada parecia querer me refletir. Foi quando eu percebi que aquilo que eu buscava não era a minha própria imagem refletida em algum objeto de inox. Eu queria outra coisa. Algo que não poderia ser tão simples sentir; algo que não era como esse gole de água gelada que eu acabei de engolir.
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08 março 2009
E se for só bom?
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4 comentários:
fico tão perplexa com o que leio aqui que nem sei o que comentar. o "muito bom" eu já disse no post acima o.O
mas vamos lá: gosto da forma como, com tão poucas palavras, tu exprimes algo profundo e, ao mesmo tempo, tão acessível e verossímel. parabéns!
[se for SÓ BOM, tchau!]
fazia tempo que eu não te lia! oh que vergonha. como sempre... muito bom.
sempre que venho, me lambuzo com muitos e novos posts. CRTL C e CTRL V as palavras da alice: livro de contos.
Profundo. Instigante. Reflexivo. Bom.
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