"Chamar-se-ia Cíntia, um nome breve e doído, em í, i tônico, quase gritante, de que se exclama a primeira sílaba individualizante. (...) Cíntia, dentro das noites frias, neblinosas, correndo para o ninho (...), risonha sob o chapeuzinho de oleado, o impermeável tosquejando-lhe as formas, sem meias, os sapatinhos de salto alto molhados de chuva. Teria algo de desgarrado no seu todo, como essas criaturas que vêm, e não se sabe donde, e vão como aves de arribação, amando e fazendo-se amar, boêmias na aparência, exigentes no fundo, urnas de amor, mas capazes de maldade, um pouco de andorinha e de falcão. E Cíntia, o seu nome. (...) Que dispensam as palavras. Que não perguntam por quê nem insistem no amor que se distancia. Para quem a vida não é a expectativa dum momento pleno que nunca chega, mas a de todos os dias em sua plenitude. Que sai da informidade da multidão e volta para ela sem deixar vestígio, sumindo como um olhar sob a pálpebra. Cíntia!"
Mário Donato, em Presença de Anita.
3 comentários:
eeeeeee :D reconheço isso!
achei belíssimo. ótimo livro, hein ;)
voltay em novo blog, bjs
reluzente!
uma grande baHforada !
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