03 janeiro 2009

Que venham os (l)touros

Subi as escadas, três andares, uma porta aberta e a sala de estar arrumada, como eu nunca havia deixado antes. Tudo vazio, cheiro de pó, carpete cor-de-nada e uma confortável sensação de estar em casa. A cama: lençol e edredon. Uma dádiva. Sono profundo, sem sonhos. Não lembraria de qualquer forma. Talvez fosse melhor lembrar dos sonhos do que das recordações malditas que pairam na minha consciência, essa um pouco deturbada devido à passagem de tempo e à impotência gananciosa de saber que não estará em minhas mãos agir.
Um ano morre, outro nasce. Colados, um segundo de diferença apenas me separam da maior abdução terrestre. Não queria estar em mim. Uma vida sem meu eu por uns meses. Poderia voltar depois. Morte parcial, tecidos reconstituídos. Grande baboseira. No final eu sei que vou sofrer as consequências como um cão. Mais uma dose de drama, por favor!

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